quarta-feira, 27 de agosto de 2008

À mesa

Augusto do Anjos

Cedo à sofreguidão do estômago. É a hora
De comer. Coisa hedionda! Corro.
E agora,
Antegozando a ensangüentada presa,
Rodeado pelas moscas repugnantes,
Para comer meus próprios semelhantes
Eis-me sentado à mesa!

Como porções de carne morta... Ai! Como
Os que, como eu, têm carne, com este assomo
Que a espécie humana em comer carne tem!...
Como! E pois que a Razão me não reprime,
Possa a terra vingar-se do meu crime
Comendo-me também.

Um comentário:

Anônimo disse...

FINALMENTE CACILDA!

O FINAL ERA ESSE MESMO ENTÃO!


Ah ivny, que sopro, que suspiro de noite...

Daniel Piras