domingo, 6 de setembro de 2009

ao motorista fale somente o indispensável

no Mergulhão...

barulho umidade escuridão odor de urina

mergulhado, o fiscal da empresa de ônibus que nos leva pro Caju

a caminho...

barulho calor poeira

imersa, passo pelo cemitério e não o vejo

"o meu sangue jorra e borra de terror" *

passo pelo cemitério do Caju, imenso, e não o vejo

"com quem dança e ama agora o meu amor?" *

calor barulho fedor

no cemitério os mortos na vertical

no Caju...

mergulho e vejo a gente igual a mim

onde enterram a subjetividade?

Quis minha terra
quis que aquela senhora do ônibus
estivesse na lida fresca da terra
generosa ela(que me ouviu falar ao motorista)
me diz que era chegada a minha hora

Agora, no ar condicionado,
me perco em referências
e o sentido da vida paira por entre
mortos-vivos.

* trechos da música "Filme de Terror" de Sérgio Sampaio

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